A velha nova onda de live-actions
A Pequena Sereia, Branca de Neve, Lilo & Stitch, Aladdin, 101 Dálmatas, Mogli: O Menino Lobo, Pinóquio, entre outros filmes, carregam uma grande semelhança (que também pode ser interpretada como estigma) entre si, além de serem histórias fantasiosas. Todas essas obras já foram adaptadas às telonas em dois formatos distintos: tanto animação, quanto filmes com atores em cena, e alguns deles, como 101 Dálmatas e Mogli, possuem dois ou mais live-actions lançados até o momento.
Com o surgimento do mais novo live-action da animação Lilo & Stitch, é possível perceber uma tendência que vem sendo adotada pelos grandes estúdios, em especial a Disney. O apelo à nostalgia, antes algo louvável e usado em momentos oportunos, tornou-se uma estratégia de mercado que denuncia o comodismo e a falta de criatividade dos produtores, até porque é muito mais fácil “reciclar” uma obra consagrada do passado, do que se arriscar em algo novo criado do zero.
Lilo & Stitch (2025). Reprodução: Walt Disney Pictures
Mudança de século, permanência nos hábitos
O ato de adaptar obras para live-action não é um costume que se aplica apenas ao recorte das duas últimas décadas. Grandes clássicos do cinema, como Superman (com o Christopher Reeve), Laranja Mecânica, O Poderoso Chefão, Clube da Luta, Psicose e O Planeta dos Macacos nada mais são do que adaptações de outras mídias, como livros e quadrinhos, para o cinema, utilizando atores para interpretar os personagens fictícios.
Esse movimento apenas passou a se tornar nocivo quando o cinema passou a adaptar o próprio cinema de forma exagerada e desnecessária. Um dos episódios recentes que mais me incomodou foi o trailer do live-action de Como Treinar o Seu Dragão, que deixou diversos fãs empolgados pela semelhança, de quase 1 para 1, nas cenas da animação que foram reproduzidas com os atores. Se então, as cenas estão replicadas quase que à perfeição, qual seria a motivação para assistir à nova versão? Já que o filme será praticamente um espelho do antigo, então dou preferência a assistir ao filme original, ora.
Como Treinar o Seu Dragão (2025). Reprodução: Universal Pictures
Portanto, não só a Disney, como diversas outras produtoras são responsáveis por fomentar essa corrente. Uma vertente que também tem sido explorada por empresas como Sony e Netflix, busca adaptar não filmes animados em si, mas sim animes (animações japonesas) famosos, como Death Note, Bleach, Cowboy Bebop, One Piece, Cavaleiros do Zodíaco, entre outros, com o mesmo modus operandi já pontuado.
Conforme os anos passam, os live-actions se tornam cada vez mais comuns e, de forma prática, o resultado disso é que uma mesma história ocupa diversas salas de cinema mais de uma vez, em detrimento de novas histórias e novas ideias. O produto requentado e fabricado em massa de forma enlatada e repetitiva pode ser o mais fácil de se assistir, o mais simples para se produzir e o mais lucrativo para as empresas, mas também é, no fim das contas, o mais esquecível.
Toy Story 2 (1999). Reprodução: Pixar Animation Studios
