Venda da Refinaria Landulpho Alves é apontada como “tragédia” para Bahia – e cresce pressão por recompra pela Petrobras

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A venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), realizada em 2021, está sendo considerada por especialistas, parlamentares e sindicatos como um dos maiores erros estratégicos já cometidos no setor de energia do Brasil – e seus efeitos continuam pesando no bolso dos baianos e nos cofres públicos.
Durante audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, realizada nesta terça-feira (23), o deputado federal Jorge Solla (PT-BA) foi categórico: a privatização da refinaria, primeira do país e símbolo histórico da indústria nacional, se transformou em uma “tragédia econômica e social” para a Bahia.
Segundo o parlamentar, a venda da unidade para o fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, foi feita abaixo do preço de mercado, em plena crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19. Hoje, a refinaria opera com apenas 60% da capacidade e importa petróleo, o que – na prática – resultou em aumento dos preços dos combustíveis na Bahia.
“Nós estamos pagando na Bahia mais de 5% acima da média nacional. E mesmo com a refinaria aqui, na região metropolitana de Salvador, seguimos pagando mais caro do que o resto do Brasil. Houve redução de empregos, queda de arrecadação do estado e de São Francisco do Conde, e o impacto para as famílias e para a economia é gigantesco”, afirmou Solla.
O alerta não é apenas econômico: municípios vizinhos estão vendo suas receitas despencarem, o que compromete investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Os 13 vereadores de São Francisco do Conde participaram do debate em Brasília, reforçando a urgência de uma solução.
E ela pode estar mais próxima do que se imagina. Solla revelou que a Petrobras já iniciou conversas com o fundo Mubadala para negociar a recompra da refinaria. No entanto, segundo ele, o grupo estrangeiro estaria pedindo até cinco vezes mais do que pagou na aquisição, já considerando a valorização do dólar no período.
“Não podemos aceitar que o patrimônio público seja vendido a preço de banana e, depois, seja oferecido de volta por um valor exorbitante. Vamos reforçar a pressão junto ao governo federal e à direção da Petrobras para que a refinaria volte a ser um bem público estratégico”, disse o deputado.
A mobilização, que envolve parlamentares, governo estadual, sindicatos e especialistas, é um movimento crescente para reverter os impactos negativos da privatização. O objetivo é claro: recuperar o controle da produção de combustíveis na Bahia, reduzir preços para os consumidores e devolver às cidades da região o fôlego financeiro que perderam.
Se a recompra se concretizar, será um passo importante para corrigir o que é apontado como um erro histórico. Mas o desfecho ainda depende de articulação política e pressão popular – e a sociedade baiana começa a se mobilizar para exigir que essa conta não continue recaindo sobre o seu bolso.
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Com informações da Agência Câmara