O que cresci ouvindo: Diego Oliveira fala sobre os discos que influenciaram sua carreira de artista e produtor musical

O músico e produtor Diego "Albino" Oliveira. Foto: Arquivo pessoal
Um nome conhecido na produção musical da cidade e da região, o artista e engenheiro de áudio Diego “Albino” Oliveira tem uma carreira consolidada e cheia de destaques; já mixou bandas do mainstream, como Chiclete com Banana e Supercombo, além de também ter colaborado com grandes empresas, a exemplo da Netflix e da Warner, ao mesmo tempo em que se mantém conectado com o cenário independente, produzindo artistas como Pipa e a Outra Conduta.
“Minha casa sempre foi muito musical. Recebia influências de todos os lados: minha irmã e meu pai com a música sertaneja, meus tios com sons que iam de Kraftwerk a Metallica. Mas quem mais moldou meu gosto foi, sem dúvida, minha mãe”, ele conta.
Convidado para participar do “O que cresci ouvindo”, Diego montou uma lista que traz diversos subgêneros do rock, como o progressivo do Pink Floyd, o pop rock da Legião Urbana e o Heavy Metal do Iron Maiden, por exemplo. “Eles moldaram minha estética artística e me apresentaram um universo de referências e tudo o que faço, de alguma forma, passa por ali”, relata o produtor sobre um dos discos que escolheu.
Veja a seguir os cinco álbuns que mudaram a vida de Diego Oliveira.
Legião Urbana – V (1991)
Lançado no fim de 1991, o quinto disco de estúdio da Legião Urbana, “V”, chegou ao público em um contexto conturbado para o país com o Plano Collor, que causou uma crise financeira no Brasil, e foi um momento difícil também na vida pessoal de Renato Russo, que se internou numa clínica para se desintoxicar e lá descobriu ser soropositivo. As faixas “Metal Contra as Nuvens”, “Vento no Litoral” e “Teatro dos Vampiros” são alguns dos destaques desse álbum.
“O primeiro grande impacto veio com a Legião Urbana. Foi meu contato inicial com letras mais sofisticadas, que me fizeram refletir artisticamente e enxergar a sociedade de forma crítica, através da perspectiva de Renato Russo. Entre os 13 e 20 anos, eu ouvia Legião praticamente todos os dias.”
Dire Straits – Making Movies (1980)
Abrindo a década de 80, os britânicos do Dire Straits lançaram o “Making Movies”, seu terceiro disco, em outubro daquele ano pela gravadora Vertigo Recordings, de forma internacional, além da Warner Bros. Records, que publicou o LP nos Estados Unidos, e a Mercury Records, no Canadá. A faixa “Tunnel of Love” ajudou a popularizar o álbum após entrar na trilha sonora do filme “An Officer and a Gentleman”, de Richard Gere, em 1982.
“Uma banda muito importante para minha mãe — e que me fez querer pegar a guitarra — foi o Dire Straits, especialmente ao ver Mark Knopfler tocando, foi decisivo. Cada frase de guitarra soava como uma palavra cheia de significado. Decorei o setlist inteiro e comecei a imaginar uma vida como músico, tocando com outras pessoas.”
Pink Floyd – The Dark Side of The Moon (1973)
Aparecendo pela terceira vez por aqui no “O que cresci ouvindo” – o disco também foi citado por Danilo Souza e Plácido Oliveira – o “The Dark Side of The Moon” prova que é uma obra atemporal. Apesar disso, Diego também cita o “The Wall” e admite que os dois trabalhos já fazem parte do seu "DNA artístico e pessoal".
“Talvez a banda mais importante para mim seja o Pink Floyd. Eles moldaram minha estética artística e me apresentaram um universo de referências. Hoje quase não os ouço, porque álbuns como The Dark Side of the Moon e The Wall já fazem parte do meu DNA artístico e pessoal e tudo o que faço, de alguma forma, passa por ali.”
Iron Maiden – Powerslave (1984)
Referência do Heavy Metal, o Iron Maiden publicou em 1984 o “Powerslave”, um dos seus melhores discos na carreira. As duas faixas que abrem o álbum, “Aces High” e “2 Minutes to Midnight” se tornaram clássicos aclamados pelos fãs e que sempre estão presentes no repertório de apresentações da banda. De acordo com a revista Rolling Stone, o “Powerslave” ocupa a 38ª posição no ranking dos 100 melhores discos de Heavy Metal da história.
“Um momento marcante foi quando comecei a escolher o que eu queria ouvir. Depois de todas as referências que recebi, busquei bandas que me causassem impacto — e a primeira que deixou uma marca imediata foi o Iron Maiden. Desde então, sou headbanger para sempre. O heavy metal é o gênero que mais me importa: ouço todos os dias, e ele molda minha personalidade e minhas escolhas artísticas, tanto como produtor quanto como músico. Aprendi com o metal a ser intenso, detalhista, requintado e, ao mesmo tempo, livre para falar sobre qualquer tema.”
Radiohead – OK Computer (1997)
O grande sucesso comercial do Radiohead, o álbum “OK Computer”, lançado no fim da década de 90, mudou a carreira do grupo e os colocou em um outro patamar. Sonoramente, é um disco com momentos melancólicos, como a faixa “No Surprises”, até coisas mais experimentais, a exemplo de “Airbag” e “Paranoid Android”. Já na parte lírica, as letras surgem a partir de temas como um mundo cheio de consumismo, capitalismo, alienação social e mal-estar político.
“Quando comecei a tocar com outras pessoas e desenvolver minha musicalidade, uma banda me acompanhou desde o meu primeiro show, aos 15 anos, foi o Radiohead. Depois do heavy metal, talvez seja a banda que mais moldou minhas escolhas artísticas como produtor, músico e artista. Eles têm a diversidade que encontro no metal, mas com uma estética completamente diferente, que amplia os limites e me permite explorar o lado mais experimental do meu som. Hoje quase não os ouço tanto, mas entre os 15 e 20 anos tiveram um papel fundamental na minha formação.”