Nossa Senhora das Vitórias: fé, história e patrimônio de Vitória da Conquista

  • Júnior Patente
  • Atualizado: 15/08/2025, 11:57h

Mais que uma festa religiosa, a celebração em honra a Nossa Senhora das Vitórias é a expressão viva da fé, da cultura e da identidade de Vitória da Conquista. Celebrada anualmente no dia 15 de agosto, a festa foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial do município pela Lei nº 3.023, sancionada em 11 de agosto pela prefeita Sheila Lemos. A proposta, apresentada pelo vereador Luís Carlos Dudé, foi aprovada por unanimidade na Câmara Municipal, reafirmando a relevância histórico-cultural de uma devoção que atravessa séculos.

Uma devoção que vem de longe

A história dessa fé remonta ao início do século XIX. De acordo com historiadores como Mozart Tanajura e Bruno Bacelar, a primeira missa dedicada à padroeira foi celebrada em 1809, por um presbítero vindo da Vila de Rio Pardo, em Minas Gerais. O título “Nossa Senhora das Vitórias” tem origem portuguesa e chegou à região junto com a colonização.

A primeira igreja matriz dedicada à santa foi erguida em 1808, na encosta da Serra do Periperi, por ordem da Coroa Portuguesa, logo após a ocupação do território pelos bandeirantes liderados por João Gonçalves da Costa — um episódio que marcou a expulsão das etnias indígenas Mongoió, Pataxó e Imboré, habitantes originários do Sertão da Ressaca. A construção foi finalizada por volta de 1820.

Da antiga matriz à Catedral Metropolitana

A antiga matriz foi demolida na década de 1930 para dar lugar à atual Catedral Metropolitana de Nossa Senhora das Vitórias , inaugurada em 1944. O templo, no estilo neogótico, impressiona pelas linhas clássicas e pelas pinturas sacras que ornamentam suas paredes e teto. No altar, uma imagem em madeira trazida de Portugal — uma das mais antigas do acervo religioso da cidade — se tornou símbolo de fé para gerações.

A Diocese de Vitória da Conquista foi criada em 1957, por meio da bula Christus Iesus do Papa Pio XII, e oficialmente instalada no dia 15 de agosto de 1958, com Dom Jackson Berenguer Prado como primeiro bispo. Em 2002, o Papa João Paulo II elevou-a à categoria de Arquidiocese Metropolitana, que hoje está sob a liderança de Dom Vitor Agnaldo de Menezes, abrangendo 34 paróquias em 20 municípios da Bahia.

A festa que move a cidade

Para o padre Irineu, pároco da Catedral Metropolitana, o reconhecimento da festa como patrimônio cultural é um marco. "Essa lei valoriza a fé tão bonita dos devotos de Nossa Senhora. A festa deste ano está sendo preparada com muito amor pela comissão, movimentos e pastorais. A imagem da padroeira já está em peregrinação pelas paróquias", afirma.
A celebração chega a uma reunião entre 15 e 20 mil fiéis na missa solene, transformando o centro da cidade em um grande espaço de oração e confraternização. Além das atividades religiosas, a festa é um ponto de encontro cultural, com procissões, novenários e apresentações que envolvem toda a comunidade.

Patrimônio vivo da fé conquistense

Ao ser declarada patrimônio cultural e imaterial, a Festa de Nossa Senhora das Vitórias deixa registrado, para as próximas gerações, que não se trata apenas de um evento religioso, mas de um bem simbólico que representa a alma e a história de Vitória da Conquista. Em 2025, com o Jubileu da Esperança , a festa ganha ainda mais significado, convidando fiéis e visitantes a renovar a fé, agradecer as conquistas e pedir forças para as batalhas do dia a dia.

Como há mais de dois séculos, o nome de Nossa Senhora das Vitórias continua ecoando entre as colinas da Serra do Periperi, unindo passado, presente e futuro em um mesmo cântico de devoção e esperança.

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