O que cresci ouvindo: “Se esse disco não existisse, com certeza eu seria um cara bem diferente”, assume Velto Oliveira, da Outra Conduta, sobre álbum do Charlie Brown Jr

Velto Oliveira, vocalista da Outra Conduta, durante apresentação no Point do Rock. Foto: PH
Vocalista da Outra Conduta, uma das bandas mais promissoras de Vitória da Conquista e que em breve lançará seu primeiro disco autoral, Velto Oliveira possui influências que vão além do óbvio. Se você esperava uma lista com cinco discos do Charlie Brown Jr. (risos), vai ficar surpreso em ver que o rap e até o samba tocam nos fones do músico, numa mistura feita por Marcelo D2 em busca da batida perfeita. “Esse álbum me chamou atenção pela forma única de misturar samba e rap. As letras falam de temas sérios e críticos, mas com uma leveza e alegria que tornam tudo ainda mais marcante.”
Mas, claro, o grupo de Santos também está presente entre os favoritos na coleção de discos de Velto. Ele escolheu citar somente um álbum do Charlie Brown Jr., o “Preço Curto… Prazo Longo”, de 1999. “Sinceramente, não sei qual Velto eu seria se esse disco não existisse... mas com certeza seria um cara bem diferente. Minha música favorita é ‘O Preço’, talvez ela tenha acendido o fogo de querer estar nos palcos e lutar por isso”, assume.
Um disco que mudou não só a sua vida pessoal mas também a artística é uma obra-prima do Red Hot Chilli Peppers, que se tornou um ponto de partida para o modo como a Outra Conduta compõe suas canções autorais hoje em dia. “Gosto de como o instrumental soa neste disco, cada instrumento tem seu protagonismo. Esse é um conceito que a Outra Conduta também segue na hora de compor, e o Red Hot Chilli Peppers é, sem dúvida, uma das grandes influências da banda.”
Veja a seguir a lista dos cinco discos favoritos de Velto Oliveira.
Charlie Brown Jr. – Preço Curto… Prazo Longo (1999)
O segundo disco do CBJR, “Preço Curto… Prazo Longo” chegou ao público em 1997, dois anos depois do “Transpiração Contínua Prolongada”, quando os caras do Charlie Brown invadiram a cidade e as rádios. É um álbum que dispensa apresentações. Basta ver quais foram os singles do disco: “Zóio de Lula”, “Te Levar Daqui”, “Confisco” e “Não Deixe o Mar Te Engolir”.
“Eu poderia citar vários álbuns do CBJR aqui, mas como são só cinco, não vou deixar o coração de fã falar mais alto (rsrs). Esse foi o álbum que me fez me apaixonar pelo rock nacional e que moldou completamente meu gosto e estilo musical. Hardcore, reggae, hip-hop, ska, tudo isso junto com letras diretas, que retratam o cotidiano das ruas, e riffs marcantes tanto da guitarra quanto do baixo. Sinceramente, não sei qual Velto eu seria se esse disco não existisse... mas com certeza seria um cara bem diferente. Minha música favorita é ‘O Preço’, talvez ela tenha acendido o fogo de querer estar nos palcos e lutar por isso.”
Dead Fish – Zero e Um (2004)
O grande sucesso comercial do Dead Fish, banda de Vitória, no Espírito Santo, o “Zero e Um” é um disco que traz a principal característica do grupo: críticas diretas para provocar o governo e a própria sociedade. Mais de vinte anos depois do lançamento, muitas das faixas deste álbum, como “A Urgência”, “Bem-vindo ao Clube” e “Você”, continuam tocando e são grandes clássicos da cena punk e hardcore do Brasil.
“É louco como as coisas mudam. Eu ouvi esse álbum na adolescência e curti, mas ele não significou tanto na época, por pura imaturidade mesmo. Só lá pelos meus 23 anos, mais consciente, é que ele se tornou grandioso pra mim. ‘Zero e Um’ é uma crítica direta à sociedade, ao autoritarismo, ao governo. Essa é a pegada que se tornou a marca registrada do Dead Fish. Esse álbum mudou minha forma de enxergar o mundo e me fez encarar temas importantes com mais seriedade. Minha faixa favorita é ‘Tão Iguais.’”
Aliados – Amplificado (2008)
Também formada em Santos, em 2000, a banda Aliados tem uma história que conversa com a do Charlie Brown Jr. Thiago Castanho, um dos guitarristas da formação clássica do CBJR, produziu a primeira demo da Aliados e em seguida se juntou ao grupo após sua saída da banda comandada por Chorão. "Amplificado”, o álbum destacado por Velto, foi o quarto da discografia e saiu em 2008.
“Aliados é uma banda pouco conhecida, mas que representa muito pra mim. O álbum ‘Amplificado’ me tirou de uma situação difícil, num período em que eu estava preso nos meus próprios pensamentos. As letras desse álbum parecem uma consulta com um terapeuta ou talvez uma conversa com um grande amigo, trocando ideias e te dando conselhos de como superar as suas frustrações. Minha música favorita é ‘O Medo do Fim.’”
Marcelo D2 – A Procura da Batida Perfeita (2003)
Em 2003, na carreira solo depois de uma pausa nas atividades do Planet Hemp, Marcelo D2 seguia na procura da batida perfeita em seu segundo disco. Apesar de ter sido gravado em Los Angeles, nos Estados Unidos, foi na música brasileira que o D2 parece ter encontrado o segredo: samples e percussões vindo do samba. O álbum conta com participações mais do que especiais: Stephan – hoje conhecido como Sain – filho de Marcelo, na faixa “Loadeando”, que o tempo todo estava na tela da MTV Brasil, e o rapper will.i.am, do Black Eyed Peas, em “CB (Sangue Bom)”. Para Velto, o destaque é a “Vai Vendo”.
“Esse álbum me chamou atenção pela forma única de misturar samba e rap. As letras falam de temas sérios e críticos, mas com uma leveza e alegria que tornam tudo ainda mais marcante. Eu ouvia muito esse disco na época em que andava de skate, e ele acabou virando parte da trilha sonora desse período da minha vida."
Red Hot Chilli Peppers – Californication (1999)
Publicado no fimzinho da década de 90, “Californication” marcou a volta do guitarrista John Frusciante aos Chilli Peppers e foi um estouro. A banda já havia acertado anteriormente no “Blood Sugar Sex Magik”, último disco gravado com Frusciante antes de sua saída, e depois amargou um fracasso comercial com o “One Hot Minute”, um álbum bem mais ou menos com Dave Navarro na guitarra. O que faltou no One Hot sobrou no Californication. De lá, fizeram sucesso: “Otherside”, “Scar Tissue”, “Around The World” e a própria faixa-título
“Quando ouvi esse álbum pela primeira vez, fiquei completamente viciado. Ele me fez querer conhecer mais sobre o Red Hot Chili Peppers e consequentemente me tornei fã do som dos caras. Gosto de como o instrumental soa neste disco, cada instrumento tem seu protagonismo. Esse é um conceito que a Outra Conduta também segue na hora de compor, e o Red Hot Chilli Peppers é, sem dúvida, uma das grandes influências da banda. O Californication é um dos principais responsáveis por essa inspiração. ‘Around The World’ é a minha música favorita.”