Racismo e intolerância religiosa nas redes: caso de advogada em Vitória da Conquista expõe urgência de debates sociais
Em pleno século 21, o Brasil ainda convive com uma realidade dolorosa e persistente: o racismo. Longe de ser uma chaga do passado, ele se manifesta de forma cotidiana nas ruas, nas escolas, nos ambientes de trabalho — e, cada vez mais, nas redes sociais.
Um episódio recente em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, evidencia como o discurso de ódio e a intolerância seguem vivos no ambiente digital. A advogada Cida Carvalho, mulher negra e praticante do candomblé, foi alvo de injúria racial e intolerância religiosa após fazer um comentário em uma publicação nas redes sociais de um blog de notícias local.
O simples posicionamento da advogada gerou uma reação violenta de um usuário, que, além de discordar de forma agressiva, partiu para ataques ofensivos que envolviam sua cor e sua fé.
Em entrevista ao programa Inclusão em Foco, Cida falou sobre o impacto do ocorrido e fez um alerta contundente:
“A internet não é terra sem lei. O que é crime aqui fora, também é crime no mundo virtual.”
A afirmação de Cida ecoa o que determina a legislação brasileira. O racismo, em qualquer uma de suas formas, é crime inafiançável e imprescritível. Já os casos de injúria racial, embora tratados de forma distinta pela legislação, também podem gerar responsabilizações civis e penais, especialmente quando envolvem preconceito de raça ou religião.
Mais do que expor um caso isolado, o episódio vivido por Cida Carvalho acende um alerta coletivo. É urgente avançar na promoção de uma educação antirracista, no respeito à diversidade religiosa e no letramento digital que ajude a combater o ódio e a intolerância ainda tão presentes, inclusive em ambientes onde muitos se sentem impunes: as redes sociais.
Casos como este não devem ser silenciados. Pelo contrário: precisam ser denunciados, debatidos e transformados em ferramentas de conscientização e mudança.