Amigos constroem vila no interior de SP para morar juntos na velhice

Grupo de amigos dividem responsabilidades, despesas e momentos de lazer após os 60 anos. Foto: Divulgação
Um grupo de amigos de Campinas, no interior de São Paulo, encontrou uma maneira inovadora de enfrentar a solidão na terceira idade. Eles criaram a Vila ConViver, um projeto pioneiro de moradia colaborativa para idosos.
A ideia surgiu da preocupação com os últimos anos de vida. Muitos temem o isolamento, mas esse grupo decidiu fazer diferente. Inspirados por projetos da Dinamarca, Espanha e Canadá, resolveram criar uma vila em que amigos compartilham o dia a dia, sem abrir mão da privacidade.
A iniciativa já tem nome, terreno e projeto pronto. Batizada de Vila ConViver, será a primeira cohousing sênior do Brasil. O termo, que vem do inglês, significa “coabitação” e define uma comunidade residencial planejada para promover integração entre os moradores.
A cidade escolhida foi Campinas, a maior do interior paulista. O terreno tem 24 mil metros quadrados e está localizado no Jardim Alto da Cidade Universitária, a cerca de sete quilômetros da Unicamp, uma das principais universidades do país.
O local foi adquirido em 2019 e conta com apoio da Associação de Docentes da Unicamp (ADunicamp), que tem colaborado com os moradores desde o início. A localização estratégica garante acesso a serviços essenciais, lazer e centros de saúde.
O foco é convívio sem abrir mão da privacidade
A vila foi pensada para pessoas a partir dos 50 anos que desejam viver em comunidade, mas manter a individualidade. Serão 34 residências privativas com dois ou três dormitórios, construídas ao redor de uma grande área comum.
O projeto prioriza o bem-estar e a convivência harmoniosa. Os moradores terão acesso a espaços comunitários como cozinha compartilhada, academia, salas multiuso, quiosques e ambientes para atividades culturais e de lazer.
Solidão é vista como o maior inimigo
Segundo os membros da Associação de Moradores da Vila ConViver, o principal problema da velhice é a solidão. “Está claro que o maior problema do idoso é a solidão e a falta de perspectivas”, reforçam os idealizadores.
Por isso, além das casas individuais, o projeto investe em atividades como saraus, palestras, sessões de cinema e oficinas. O objetivo é criar uma rotina ativa e significativa, fortalecendo os laços entre os moradores.
Comunidade intencional é tendência global
Esse tipo de moradia, conhecido como comunidade intencional, existe há mais de 40 anos em países como a Dinamarca. Lá, o conceito se consolidou como uma alternativa ao modelo tradicional de asilos e casas de repouso.
No Brasil, a Vila ConViver representa um marco. É uma proposta de vida para quem busca envelhecer com autonomia, em um ambiente solidário, cercado de amigos e com atividades que estimulem corpo e mente.
Um projeto que inspira outras gerações
O modelo pode inspirar outras cidades e grupos a seguirem o mesmo caminho. A ideia de planejar a velhice de forma coletiva quebra o estigma da dependência e propõe um novo olhar sobre o envelhecimento.
Enquanto muitos ainda não sabem como passarão seus últimos anos, esse grupo de Campinas mostra que viver bem a terceira idade pode ser uma escolha consciente, planejada e, acima de tudo, compartilhada.
Matéria de Leonardo Sandre
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